sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Biomas Brasileiros


BIOMAS BRASILEIROS

Bioma se caracteriza por ser uma grande comunidade, ou conjunto de comunidades, distribuída numa grande área geográfica.

Bioma da Caatinga
No Brasil, há uma grande variedade de formações vegetais, especialmente por causa de sua grande extensão. Muitos estudiosos calculam que cerca de 10% de todas as espécies vegetais do planeta concentrem-se em nosso território.
Bioma se caracteriza por ser uma grande comunidade, ou conjunto de comunidades, distribuída numa grande área geográfica, caracterizada por um tipo de vegetação dominante.
Floresta Amazônica

BIOMA AMAZÔNICO

Também conhecida como Hiléia, essa imensa floresta latifoliada equatorial ocupa uma área total na América do Sul da ordem de 6,5 milhões de km², estendendo-se também por terras da Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Desse total, 4,9 milhões estão em território brasileiro, correspondendo a aproximadamente 60% das terras brasileiras. Dessa forma, a Floresta Amazônica ocupa a quase totalidade da região Norte, a porção setentrional do Mato Grosso e a porção ocidental do Maranhão.
Na Floresta Amazônica, extremamente heterogênea e densa, predomina o clima equatorial úmido. Somadas - densidade e heterogeneidade das espécies vegetais e clima -, essas características tornam muito difícil a circulação de pessoas no seu interior. Calcula-se que essa floresta concentre mais de um terço de todas as espécies vegetais e animais de nosso planeta, com mais de 2.500 espécies de árvores. Como a topografia da Amazônia apresenta-se em três níveis, a floresta também se divide em três estratos, que são:
Mata de igapó: corresponde ê porção da floresta que se assenta sobre o nível inferior da topografia - denominada verdadeira planície, ou planície de inundação -, onde solo está permanentemente inundado. É o trecho mais intrincado da mata, com árvores baixas e um grande número de lianas e cipós, entre outros, que lhe dão um aspecto de impenetrabilidade.
Mata de várzea: ocupa a porção do relevo denominada teso ou terraço fluvial, onde as inundações são periódicas. Como o solo dos terraços: não fica permanentemente inundado, as árvores: atingem uma altura maior, cerca de 40m. É uma formação intermediária entre as matas de igapó e as de terra firme.
Mata de terra firme: corresponde ao trecho da floresta localizada na porção mais elevada do relevo – os baixos planaltos ou baixos platôs –, sendo por isso mais desenvolvida e exuberante. Como o solo está livre das inundações, as árvores são as mais altas da floresta, tendo entre 40 e 60m de altura. O entrelaçamento das copas quase impede a passagem da luz.
A topografia Amazônica

BIOMA DA MATA ATLÂNTICA

No Brasil, grande parte das florestas tropicais consistiam a Mata Atlântica, assim batizada durante o século XVI, quando da chegada dos portugueses à América. Por caracterizar-se como uma floresta tropical, a Mata Atlântica assemelha-se bastante à Floresta Amazônica: é exuberante, heterogênea, intrincada, latifoliada e perenifólia. Originalmente era encontrada ao longo do litoral, desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, porém foi intensamente devastada. Característica de uma região cujas temperaturas são elevadas e o teor de umidade, alto, o que resta dessa floresta é, hoje, protegido por uma legislação específica com fins de conservação. Assim, temos em sua área diversas Unidades de Conservação nas quais medidas restritivas procuram evitar maior desmatamento e preservar a fauna e a flora.
Nas porções interiores do sudeste brasileiro, a floresta tropical aparecia em quase todas as terras drenadas pelos rios da Bacia do Paraná, o que lhe confere uma outra denominação: Mata da Bacia do Paraná. Nos litorais das regiões Sudeste e Sul, a Serra do Mar dificultou a ocupação humana e a exploração florestal. Conseqüentemente, houve uma certa preservação da mata nessas regiões. Entretanto, mesmo nessa área a floresta está sendo devastada pela ação dos madeireiros e pela abertura de estradas, entre outros fatores.
Por localizar-se em regiões de maiores altitudes, a Mata Atlântica corresponde aos climas tropical úmido, tropical de altitude e subtropical úmido. A maior amplitude térmica desses climas favorece a presença de uma biodiversidade maior do que a de sua irmã do norte. Na verdade, a Mata Atlântica é o bioma com a maior biodiversidade do país.

BIOMA DAS ARAUCÁRIAS

Essa formação, que se estendia originalmente do sul de São Paulo ao norte do Rio Grande do Sul, constitui uma variação da floresta boreal do Hemisfério Norte. Portanto, é uma floresta aciculifoliada subtropical adaptada ao clima subtropical úmido predominante do sul do Brasil, menos quente e úmido que o equatorial e o tropical e menos frio que os climas predominantes nas regiões das coníferas.
Trata-se de uma vegetação relativamente homogênea, que apresenta poucas variedades. Sua espécie dominante é a Araucaría angustífolía, ou pi¬nheiro-do-paraná, árvore cujo tronco atinge de 25 a 30 m de altura e que apresenta ramificações apenas no seu topo. É uma formação aberta, ou seja, pouco densa, não oferecendo grandes obstáculos à circulação no seu interior, fato que facilitou sua intensa exploração e devastação.
Em virtude da numerosa presença de pinheiros, o extrativismo vegetal predominou de tal forma que a Mata de Araucárias tornou-se a principal fonte produtora de madeira do país.
O produto principal é o pinho, que, embora não seja uma madeira-de-lei, tem inúmeras aplicações econômicas, seja na indústria de móveis e na construção civil, seja na indústria de papel e celulose.
Bioma do Pantanal

BIOMA DOS COCAIS

Transição entre a vegetação que se desenvolve na maior parte do Nordeste e a Mata Amazônica, essa é uma formação vegetal típica do Meio-Norte nordestino. Exposta aos climas dessas duas localidades – equatorial úmido a oeste e semi-árido a leste –, essa vegetação reflete a redução da umidade no sentido oeste-leste.
Nas regiões menos úmidas, leste do Piauí e litoral do Ceará e do Rio Grande do Norte, encontramos a carnaúba, palmácea que atinge até 20 m de altura. A carnaúba é conhecida na região como "a árvore da providência" porque dela tudo se utiliza. As raízes são usadas para infusões medicinais, o tronco para fazer paredes em casas, as folhas recobrem o teto, o fruto é consumido como alimento, e as sementes, torradas e moídas, substituem o café. Mas é a folha da carnaúba, com base na qual se produz cera, que tem o maior aproveitamento econômico.

BIOMA DO CERRADO

Essa formação, que também pode ser denominada "savana-do-Brasil", ocupava originariamente cerca de 25% do território brasileiro, ou seja, um pouco mais de 2 milhões de km2. Por isso, é considerada a segunda maior formação vegetal do país; entretanto, a devastação causada pela ocupação humana vem reduzindo gradativamente essa participação.
Típico de áreas de clima tropical com duas estações bem marcadas - verão chuvoso e inverno seco -, o cerrado se distribui por terras de dez estados brasileiros no interior do chamado Brasil Central, incluindo a maior parte da região Centro-Oeste, o sul do Pará e do Maranhão, o interior de Tocantins, o oeste da Bahia e de Minas Gerais e o norte de São Paulo. Toda essa área faz parte de três importantes bacias hidrográficas brasileiras: a do Araguaia-Tocantins, a do São Francisco e a do Paraná.
Caracterizado pelo predomínio de pequenas árvores e arbustos bastante retorcidos, com casca grossa, geralmente caducifólias e com raízes profundas, no cerrado também encontramos gramíneas e mesmo florestas, denominadas cerradão, cujas árvores podem superar os 15m de altura. Segundo especialistas, nessa formação a biodiversidade é comparável à da Floresta Amazônica: sabe-se que em seu interior coexistem mais de 400 espécies diferentes de árvores e arbustos esparsos.
A origem dos cerrados é ainda uma incógnita. Para alguns, é produto do clima, cuja estiagem estende-se por um período de 5 a 7 meses do ano. Para outros, sua origem está relacionada ao solo, extremamente ácido e pobre em nutrientes. O mais provável é que o cerrado resulte da ação de todos esses fatores ao mesmo tempo. O cerrado brasileiro vem sendo ocupado intensamente por atividades agrárias, em especial a plantação de soja, desde que se passou a fazer a correção da acidez do solo com adubos e outros corretivos químicos.
Biomas brasileiros

BIOMA DA CAATINGA

A caatinga é uma formação vegetal que se distribui, à exceção do Maranhão, por terras de todos os estados nordestinos, e ainda avança até o norte de Minas Gerais, ocupando cerca de 11 % do território brasileiro. Seu nome deriva do tupi caa, que significa "mata", e tinga, "branca", por causa de seu aspecto esbranquiçado.
É típica do sertão nordestino, de clima semi-árido, cuja umidade fica abaixo dos 700mm de precipitação anual. Por essa razão, a vegetação apresenta folhas por cerca de 3 ou 4 meses, durante a estação das chuvas. Essa formação, portanto, é caracterizada como caducifólia e xerófila: as plantas, para sobreviverem às secas, desenvolveram formas de adaptação diversas. Algumas, como as cactáceas, apresentam espinhos em suas folhas a fim de reduzir a transpiração; outras perdem as folhas a fim de não perder água. O solo, raso e pedregoso, contribui para a manutenção dessas características. A água das chuvas não é armazenada, pois se infiltra rapidamente.

BIOMA DOS CAMPOS

Na vegetação brasileira nativa os campos são formações herbáceas que geralmente aparecem em forma de manchas de pequena extensão, distribuídas descontinuamente pelo interior do país. Bastante diversificadas, essas formações relacionam-se à existência de topografia suave ou climas mais frios e secos. Se aparecem exclusivamente gramíneas, denominam-se campos limpos, e se as gramíneas estão misturadas a pequenos arbustos, denominam-se campos sujos. Entre as diversas áreas de formação campestre, merecem destaque: os Campos meridionais como a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul; os Campos da Hiléia como as formações rasteiras encontradas em áreas inundáveis como a Ilha de Marajó; e os Campos de altitude encontradas acima de 100m de altitude como na Serra da Mantiqueira, no Sudeste.

BIOMA DO PANTANAL

O Pantanal faz parte da Bacia Platina, que, agrega três bacias hidrográficas: a do rio Paraguai, a do rio Uruguai e a do rio Paraná. Localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de terras do Paraguai e da Bolívia. Constituindo-se na maior área úmida continental do mundo, com altitudes que variam entre 100 e 200 metro.
O bioma do Pantanal apresenta espécies de quase todos os biomas brasileiros: caatinga, campos, floresta tropical e cerrado.
A alternância das estações chuvosa e seca determina o ritmo da vida no Pantanal: durante a época das chuvas (novembro-abril), as águas cobrem cerca de dois terços da região, pois o fato de ela ser cercada por montanhas e as baixas altitudes dificultam o escoamento das chuvas.
A partir de abril ou maio tem início o período mais seco do ano, o que se reflete na lenta redução do nível de água dos rios. Quando os terrenos secam, permanece sobre sua superfície uma fina camada de lama humífera, composta por uma mistura de areia, restos de animais e vegetais, sementes e humos, que fertiliza o solo e facilita o desenvolvimento da vegetação novamente.

FORMAÇÕES LITORÂNEAS

Por toda a extensão do litoral brasileiro, encontramos formações que abrigam grande variedade vegetal. As principais são: vegetação de dunas, vegetais rasteiros de raízes profundas e de grande extensão horizontal; restingas, que misturam espécies herbáceas, arbustivas e arbóreas; e manguezais, que se adaptam à intensa salinidade e à falta de oxigenação do solo das áreas sujeitas às marés.
Os manguezais são essenciais para a renovação da vida, pois são utilizados para a reprodução de muitas espécies marinhas, e também como fonte de alimentos.




sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A Grécia


A Grécia Antiga foi berço de várias práticas presentes no mundo contemporâneo.


Há mais de quatro mil anos, uma região excessivamente acidentada da Península Balcânica passou a abrigar vários povos de descendência indo-europeia. Aqueus, eólios e jônios foram as primeiras populações a formarem cidades autônomas que viviam do desenvolvimento da economia agrícola e do comércio marítimo com as várias outras regiões do Mar Mediterrâneo.

Mal sabiam estes povos que eles seriam os responsáveis pelo desenvolvimento da civilização grega. Ao longo de sua trajetória, os gregos (também chamados de helenos) elaboraram práticas políticas, conceitos estéticos e outros preceitos que ainda se encontram vivos no interior das sociedades ocidentais contemporâneas. Para entendermos esse rico legado, estabelecemos uma divisão fundamental do passado desse importante povo.

No Período Pré-Homérico (XX – XII a.C.), temos o processo de ocupação da Grécia e a formação dos primeiros grandes centros urbanos da região. Nessa época, vale destacar a ascensão da civilização creto-micênica que se desenvolveu graças ao seu movimentado comércio marítimo. Ao fim dessa época, as invasões dóricas foram responsáveis pelo esfacelamento dessa civilização e o retorno às pequenas comunidades agrícolas subsistentes.

Logo em seguida, no Período Homérico (XI – VIII a.C.), as comunidades gentílicas transformam-se nos mais importantes núcleos sociais e econômicos de toda a Grécia. Em cada genos, uma família desenvolvia atividades agrícolas de maneira coletiva e dividiam igualmente as riquezas oriundas de sua força de trabalho. Com o passar do tempo, as limitações das técnicas agrícolas e o incremento populacional ocasionou a dissolução dos genos.

Entre os séculos VIII e VI a.C., na Fase Arcaica da Grécia Antiga, os genos perderam espaço para uma pequena elite de proprietários de terra. Tendo poder sobre os terrenos mais férteis, as elites de cada região se organizaram em conglomerados demográficos e políticos cada vez maiores. É aqui que temos o nascimento das primeiras cidades-Estado da Grécia Antiga. Paralelamente, os gregos excluídos nesse processo de apropriação das terras passaram a ocupar outras regiões do Mediterrâneo.

No período Clássico, que vai do século V até o IV a.C., a autonomia política das várias cidades-Estado era visivelmente confrontada com o aparecimento de grandes conflitos. Inicialmente, os persas tentaram invadir o território grego ao dispor de um enorme exército. Contudo, a união militar das cidades-Estado possibilitou a vitória dos gregos. Logo depois, as próprias cidades da Grécia Antiga decidiram lutar entre si para saber quem imperaria na Península Balcânica.

O desgaste causado por tantas guerras acabou fazendo de toda a Grécia um alvo fácil para qualquer nação militarmente preparada. A partir do século IV a.C., os macedônios empreenderam as investidas militares que determinaram o fim da autonomia política dos gregos. Esses eventos marcaram o Período Helenístico, que termina no século II a.C., quando os romanos conquistam o território grego.

Esparta e Atenas
AtenasAtena, deusa grega que deu nome à cidade.
Esparta e Atenas, ao mesmo que foram as principais cidades gregas, formaram uma das maiores antíteses da Idade Antiga. As duas cidades eram totalmente diferentes: a maneira de fazer política, a importância da guerra, das artes, da cultura, a mentalidade, etc.

Esparta fora uma cidade fundada pelos dórios durante o século IX a.C, totalmente diferente de todas as cidades da época. Na verdade, Esparta parecia mais um acampamento militar do que uma cidade. Essa era a principal característica dos espartanos: o seu caráter essencialmente militar.

Para se ter uma idéia, os espartanos eram educados segundo uma rigorosa disciplina; o objetivo da educação espartana era transformar seus cidadãos em guerreiros fortes, obedientes e competentes. Foi através da guerra que Esparta conquistou diversas cidades; os povos conquistados eram chamados de hilotas. A sociedade era dividida em espartanos, descendentes dos dórios e únicos a ter direitos políticos; periecos, descendente dos aqueus que exerciam atividades ligadas ao comércio e artesanato; e os hilotas, escravos de guerra.

A começar pela sua fundação, Atenas já diferenciava de Esparta, tendo sido fundada pelos jônios. Os atenienses sobreviviam principalmente da agricultura; também desenvolviam a pesca e o comércio marítimo. A sociedade ateniense era dividida em eupátridas (grandes proprietários de terá), georgói (pequenos proprietários) e dimiurgos (artesões especializados), além de um pequeno número de escravos.

Diferentemente de Esparta, que focava na guerra, Atenas valorizava a educação de seu povo. Isso fez com que a cidade tenha se transformado no centro cultural e intelectual do Ocidente. É em Atenas que surge a filosofia e a democracia, ou seja, a cidade foi o berço do Mundo Ocidental.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

4º bimestre: Formadores da população Brasileira: os indígenas

Os números dos índios no Brasil
    Estima-se entre um milhão e cinco milhões o número de índios que viviam no Brasil em 1500, na época do descobrimento. Outra estimativa é a de que esses nativos estavam distribuídos em 1.400 tribos, que falavam 1.300 línguas diferentes. Infelizmente, devido à precariedade de dados históricos, torna-se impossível precisar a totalidade da população indígena do Brasil em 1500. Vamos ver como está a situação do índio hoje no Brasil através das estatísticas:
    Distribuição da população indígena no Brasil
    Número de
    índios
    Número de
    etnias
    Línguas
    faladas
    Percentual em relação à
    população brasileira
    358.0002151800,2%
    Fonte: Funai, 2005.
    Além da população indígena identificada oficialmente, há 55 notificações de grupos isolados ainda não contatados pelo homem branco. Há na FUNAI, desde 1987, uma unidade destinada a tratar da localização e proteção dos índios isolados, cuja atuação se dá por meio de sete equipes, denominadas Frentes de Contato, atuando nos estados do Amazonas, Pará, Acre, Mato Grosso, Rondônia e Goiás. A maior parte da população indígena (27,5%) está concentrada no estado do Amazonas e, em seguida, no Mato Grosso e em Roraima. Em relação às áreas, o Amazonas também fica em primeiro lugar, com 35,7%, seguido pelo Pará e Roraima. Cabe aqui uma explicação mais detalhada sobre essas áreas. Segundo o Anuário Estatístico do Brasil 1999, publicado pelo IBGE, "terras indígenas" são os espaços físicos reconhecidos oficialmente pela União como sendo de posse permanente dos índios que as ocupam. Repare bem que o índio não é dono da terra, mas tem direito a fazer uso de tudo o que essa área contém: fauna, flora, água, jazidas etc. Esse tipo de ocupação tem como objetivo a preservação do hábitat e a garantia da sobrevivência físico-cultural dos grupos indígenas, reproduzindo, dessa forma, condições para a continuidade econômica e sociocultural da comunidade. Não deixe de consultar o Anuário Estatístico do Brasil 1999, do IBGE. Lá você encontra um quadro completo sobre população e terras indígenas, incluindo o nome das terras, área, população, municípios abrangidos e muito mais.

    Quais são os povos indígenas mais numerosos do Brasil?

    por Tiago Jokura
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    Pelos dados de 2006 da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), os índios guaranis formam o maior agrupamento indígena brasileiro, com quase 10% dos 454 mil índios que habitam o território nacional atualmente. Existem 220 etnias indígenas no Brasil, algumas das quais com pouquíssimos representantes - metade da população indígena está concentrada nos dez maiores grupos. Embora a população indígena atual pareça pequena se comparada aos 5 milhões de nativos que habitavam o Brasil na época do Descobrimento, ela cresce a uma taxa anual de 3,5% - a média nacional é de 1,6%. "A partir dos anos 60, uma série de fatores, incluindo o fortalecimento de políticas de saúde e de educação para os índios, contribuíram para que a população indígena começasse a crescer pela primeira vez desde a chegada dos portugueses", explica a antropóloga Maria Elizabeth Brêa, da Fundação Nacional do Índio (Funai).
    Qual é a sua tribo? As dez maiores etnias indígenas somam 211 mil pessoas - metade da população total 1. GUARANI POPULAÇÃO - 46 566 Os guaranis "brasileiros" (também há guaranis no Paraguai e na Bolívia) dividem-se em três grupos: caiová, ñandeva e mbya. Embora eles tenham costumes comuns - como viver em grandes grupos familiares (tekoha) liderados política e religiosamente por um dos avós -, cada grupo fala um dialeto particular e tem suas peculiaridades: a poligamia, por exemplo, é proibida entre os caiovás, mas é bem aceita entre os ñandeva 2. TICUNA POPULAÇÃO - 26 813 Os ticunas vivem em aldeias ao longo do rio Solimões, tanto no Brasil quanto no Peru e na Colômbia, e são adeptos da caça e da pesca. Os núcleos familiares são agrupados em duas "metades": clãs com nomes de aves e clãs com nomes de plantas e animais terrestres. Um índio ticuna sempre se casa com uma representante da "metade" oposta e a nova família herda os hábitos do clã do homem. A língua deles é fonal, ou seja, a entonação muda o sentido das palavras 3. CAINGANGUE POPULAÇÃO - 25 755 Nos casamentos, os caingangues também cruzam as "metades", como os ticunas. Mas, entre os caingangues, a nova família vai morar junto ao pai da noiva. Na hierarquia das comunidades a maior autoridade é o cacique, eleito democraticamente entre os homens maiores de 15 anos. O cacique eleito indica um vice-cacique, geralmente vindo de outra "metade", com o intuito de facilitar o planejamento político, já que punições só podem ser aplicadas por indivíduos da mesma "metade" 4. MACUXI POPULAÇÃO - 23 182 Como vivem em uma região com períodos prolongados de seca e de chuva, os macuxis alternam entre dois modos de vida bem distintos. Durante a estiagem, formam grandes aglomerações e aproveitam para caçar, pescar, criar gado, cultivar alimentos e coletar madeira e argila - algumas aldeias também garimpam ouro. Na estação chuvosa, espalham-se em pequenos grupos que vivem dos alimentos armazenados durante a seca 5. TERENA POPULAÇÃO - 19 851 É o povo indígena mais "urbanizado": há terenas trabalhando no comércio de rua em Campo Grande, MS, e na colheita de cana-de-açúcar. Uma das justificativas para a "urbanização" é a superPOPULAÇÃO - das reservas - o excedente populacional abandona as aldeias em busca de bicos para fazendeiros ou subempregos nas cidades. Ao contrário do que rola entre os caingangues, quando os terenas se casam vão morar com o pai do noivo 6. GUAJAJARA POPULAÇÃO - 19 524 Antigamente, os guajajaras não se fixavam em um lugar por muito tempo, mas hoje esse costume se perdeu e as aldeias, além de permanentes, podem ser grandes, com mais de 400 habitantes. A agricultura é a principal atividade econômica, mas o artesanato também é uma fonte de renda importante. Entre os produtos cultivados está a maconha, cuja comercialização ilegal gera violentos conflitos com as Polícias Militar e Federal 7. IANOMâMI POPULAÇÃO - 16 037 A Terra Indígena Ianomâmi, encravada no meio da floresta tropical, é um importante centro de preservação de biodiversidade amazônica, constantemente ameaçado pelos garimpeiros. Os ianomâmis têm o costume de aglomerar seus membros: várias famílias vivem juntas sob o teto de grandes habitações e geralmente se casam com parentes. Assim como os sobreviventes em Lost, os ianomâmis desconfiam dos "outros" (pessoas de outra etnia, brancos ou índios) 8. XAVANTE POPULAÇÃO - 12 848 As cerca de 70 aldeias xavantes no MT seguem a mesma configuração: casas enfileiradas em forma de semicírculo. Numa das pontas da aldeia, há uma casa reservada à reclusão de meninos de 10 a 18 anos - eles ficam ali durante cinco anos e, ao final do período, saem prontos para a vida adulta. Uma festa marca essa transição. Os xavantes costumam pintar o corpo de preto e vermelho, além de usar uma espécie de gravata de algodão nas cerimônias 9. PATAXÓ POPULAÇÃO - 10 664 Ganharam projeção nacional em 1997 com a morte do índio Galdino, incendiado por jovens de classe alta de Brasília enquanto dormia em uma rua da capital federal. O ganha-pão principal dos pataxós é o artesanato, com peças que misturam madeira, sementes, penas, barro e cipó. Nas festas, eles costumam dançar o típico auê, servir o mukussuy - peixe assado em folhas de palmeira - e o tradicional kauím - uma espécie de vinho de mandioca 10. POTIGUARA POPULAÇÃO - 10 036 Os potiguaras são de origem tupi-guarani, mas hoje se comunicam em bom (e não tão claro) português mesmo. Eles costumam se referir aos não-índios como "particulares" e quase toda aldeia tem uma igreja católica e um santo padroeiro. O nome do povo significa "comedores de camarão", porque, além de tirarem o sustento de atividades agrícolas, caça, pesca e extrativismo vegetal, são grandes coletores de crustáceos e moluscos Orlando Villas Bôas. Foto: Fábio Pili Orlando Villas Bôas foi o maior dos humanistas que conhecemos. Ao lado dos irmãos, únicos brasileiros indicados duas vezes ao Prêmio Nobel da Paz, enfrentou o desafio de fazer o que acreditava ser certo. Mudando a mentalidade de uma expedição desenhada para massacrar, os Villas Bôas reescreveram a história da colonização do Brasil-Central. No lugar do rifle, adotaram o abraço, o respeito e a palavra. Orlando falava com os olhos, com as mãos. Com a mesma disposição e prosa, ganhou a simpatia de reis, como Leopoldo III da Bélgica, ou de sertanejos, como o companheiro de expedição Zé Goiás. Esse também foi o segredo do mais extrovertido entre os Villas Bôas para sobreviver aos governos, desde Getúlio aos militares, mantendo vivo um projeto com dimensões inigualáveis em qualquer outro lugar do mundo: preservar cerca de 16 nações indígenas num território maior que muitos países europeus. O resultado foi a campanha pelo Parque Indígena do Xingu, oficializado em 1961. Feito tão brasileiro e revolucionário, quanto seus realizadores. Nascido em Botucatu, interior de São Paulo, em 1914, Orlando era filho de fazendeiros. Trabalhou em escritório de advocacia e serviu ao Exército - onde só obedecia "às ordens que julgava certas". Depois de um período na área de contabilidade da Esso, pediu demissão e foi com os irmãos para o Mato Grosso, atrás da Marcha para o Oeste em 1943. Numa época de Brasil rural, onde consciência ecológica era algo impensável, os Villas Bôas optaram por manter verde em vez de asfaltar. No contato com os índios, as lições aprendidas com Marechal Rondon: "morrer se for preciso, matar nunca". Passaram por cima de interesses religiosos, comerciais, minerais e ainda formaram uma geração de líderes indígenas, como cacique Aritana dos Yawalapiti - verdadeiro estadista. Dos três dias que passamos ao lado de Orlando, ficou o bom humor e a simplicidade de quem adorava panetone acompanhando arroz, feijão e bife. Sua personalidade foi inspiração pessoal e exemplo de vida inesquecível para quem ainda firmava o leme ao sair da Universidade. A tribo de cá perde um amigo, um pajé, um exemplo. A lá de cima festeja tudo isso, além do sorriso acolhedor que fica na memória. Bruno Radicchi, Fábio Pili, Fernando Zarur, Pedro Ivo e Pedro Borges - Rota Brasil Oeste. Veja Também: Entrevista com Orlando Villas Bôas Documentário Ouça o documentário produzido para o Rota Brasil Oeste sobre o trabalho dos irmãos Villas Bôas e a Marcha para o Oeste. 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